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O Homem Demitido pela Máquina

O Homem Demitido pela Máquina – O princípio que garante a credibilidade dos smartcontracts é o “code is law”, ou seja, o algoritmo programado se constitui na regra, transparente e imutável, do que será, objetivamente, executado pela “máquina”.

“Code Is Law” – A Polêmica do Homem Demitido pela Máquina

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Polêmica envolvendo a demissão injustificada de Ibrahim Diallo, um desenvolvedor de software de Los Angeles, CA. Por esquecimento, seu chefe não renovou o contrato no novo sistema da empresa, disparando assim, um processo automático e implacável de demissão à revelia da vontade de ambos (https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-44600350).

A polêmica

O Homem Demitido pela Máquina – Três semanas após o ocorrido, Diallo foi reincorporado pela empresa que reconheceu os erros e a imprudência do sistema. Vitimado pelas circunstâncias, Diallo acusou a máquina de “desalmada” e de o tratar com “sede de sangue”, aproveitando a trama para lançar um alerta sobre os perigos da automação e da relação homem-máquina.

O sistema no banco dos réus

Não tardou até que a “máquina” fosse conduzida à condição de ré pelas redes sociais, propiciando debates acalorados em sua defesa e acusação.

Pelo lado da defesa, tecnólogos argumentam que a “máquina” apenas cumpriu aquilo que estava programado e que as falhas percebidas foram, de fato, falhas de origem humana, decorrentes do descumprimento de uma regra explícita do processo, o que levou o sistema a disparar, previsivelmente, uma sequência automática de atividades operacionais que culminaram no “gancho” de Diallo por 3 semanas em casa até que o “estrago” fosse corrigido: cancelamento do acesso ao prédio e ao restaurante, cancelamento de acesso aos sistemas corporativos, exclusão da matrícula da folha de pagamento, pagamento de direitos trabalhistas, encaminhamento legal da demissão, etc. – o custo do estrago foi grande!

Por outro lado, a acusação alega a frieza do encaminhamento dado pela “máquina” no trato de tema tão complexo quanto a demissão de um funcionário – pragmatismo mudo que não possibilitou a manifestação dos protagonistas, nem a consideração de alternativas intermediárias de curso de ação ou redundâncias, desafiando a essência humana da tomada de decisão.

Os defensores da “máquina” contra argumentaram discordando de sua culpa no ocorrido, alegando que a suposta falta de “humanidade” devesse ser atribuída ao designer dos processos da empresa que automatizou decisões e rotinas operacionais.

Os smartcontracts – “código é lei”

Na verdade, no centro da história da demissão de Diallo reside a automação de um workflow simples que pode ser entendido como um smartcontract, códigos de computador programados para serem executados de modo independente e autônomo, capazes de automatizar rotinas burocráticas (ações e decisões) relativas a múltiplas partes, a partir de regras acordadas e informações geradas por sensores tecnológicos, sem a interferência subjetiva humana, potencializando rapidez, objetividade e confiança no cumprimento de condições pré-estabelecidas.

O princípio que garante a credibilidade dos smartcontracts é o “code is law”, ou seja, o algoritmo programado se constitui na regra, transparente e imutável, do que será, objetivamente, executado pela “máquina”. A observância do “code is law” nos sistemas de recursos humanos, em geral, pode ser vista como um avanço nas relações trabalhistas, tal como no caso mencionado, uma vez que impede preferências subjetivas, preconceitos e favorecimentos, e privilegia condições igualitárias de trabalho, independentemente da identificação do funcionário.

A singularidade já começou

Outra vertente do debate prefere se ater à adoção da Inteligência Artificial (IA) nos sistemas de gestão das empresas e nas perspectivas ficcionistas e catastróficas da extremização dessa prática. Diferentemente dos smartcontracts que obedecem de modo autônomo a um código programado, a IA consiste no processo de aprendizado e incorporação de informação pela “máquina”, através de capacidades cognitivas e analíticas programadas.

O matemático John von Neumann na década de 1950 já profetizava o fim da singularidade da raça humana quando confrontada com as mudanças aceleradas decorrentes do progresso tecnológico. Neumann foi seguido por outros pesquisadores e autores que, cada vez mais enfaticamente, profetizam o fim da era humana com o avanço tecnológico das superinteligências dos computadores – a teoria da singularidade tecnológica.

Com a palavra…

Uma das mentes mais brilhantes da nossa era, o astrofísico Stephen Hawking diz temer que as máquinas de inteligência artificial evoluam a ritmo muito superior ao dos humanos, e que isso pode levar, em última instância, à extinção da nossa espécie.

Grandes nomes atuais da tecnologia também engrossam o debate sobre profecias apocalípticas relacionadas à inteligência artificial. Elon Musk, CEO e fundador do Paypal, da SpaceX e de outras empresas de tecnologia de ponta, uma das maiores referências atuais quando o assunto é inovação disruptiva, afirmou sem rodeios que o avanço desenfreado da inteligência artificial “é um risco para a existência da nossa civilização” e “mais perigoso do que armas nucleares”.

Por outro lado, há quem acredite que essas visões extremamente pessimistas são irresponsáveis. Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, é um exemplo. Ele defende que quem argumenta contra a tecnologia e a inteligência artificial está, de fato, argumentando contra carros mais seguros, contra melhores diagnósticos de doenças, contra a solução da fome no mundo, etc. A fala de Zuckerberg foi dirigida, especificamente, a Elon Musk que, alimentando a confrontação pessoal, se limitou a responder que o entendimento do CEO do Facebook sobre o assunto é … limitado.

A relação “homem-máquina”

Enfim, voltando à demissão de Ibrahim Diallo pela “máquina”, tendo sido realizada por um simples workflow automatizado, ou por um smartcontract alimentado por sensores automáticos e processado através de algoritmos aprendentes de inteligência artificial, o fato é que o hiato entre as perspectivas de benefícios e os riscos da inovação tecnológica é tênue e, cada vez mais, a relação “homem-máquina” será desafiada pela humanidade intrínseca do homem, … assim como, pela infinita capacidade de humanização que vem sendo dada, pelo homem, à máquina.

Por:

Por:
Alonso Mazini Soler, Doutor em Engenharia de Produção POLI/USP e Professor da Pós Graduação do Insper – Sócio da Schedio Engenharia Consultiva – alonso.soler@schedio.com.br

Gabriel Diniz, Bacharel em Ciência da Computação pelas Faculdades Integradas de Caratinga, Gerente de Desenvolvimento de Sistemas na Rede Doctum de Ensino – gabriel.antn@gmail.com

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Marco Aurelio
Administrador do Site
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